sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Confissões



Ai, minha Morena dos Encantos...

todos os dias penso na tua beleza. Como eu queria ser Homem o bastante para poder ter só o teu olhar. Teus olhos são como um sol que nunca passa. Mesmo diante da noite, o teu brilho permanece intacto. Não podem as trevas te tocar; não podem as trevas te amarrar; porque você é toda luz. Se o meu coração que era uma nuvem escura, apenas com a tua presença, se tornou centelha de amor, imagina se tu voltasses toda para mim?
Ai, a tua luz me transpassaria... Seria eu um ser todo amor. Seria eu um ser de luz como tu, Anjo de suprema beleza.
Nas noites de pensamento vulto, não consigo dormir sem contemplar no meu coração a tua imagem. 
Virgem eterna das saudades: foi assim que te nomeei, desde a última vez que trocamos palavras. Minhas palavras, tão monótonas, cumpriam a escala normal do tempo, afirmando banalidades. Tais palavras, mascaradas de nenhum sentimento, desejavam revelar-se para ti como um mel apaixonado.
Ao ver-te, amada, sob o crepuscular da manhãs, nas horas médias entre o viver e o repouso, meu coração dói. Tenho a maior dor que uma alma pode sentir. Sem nenhuma intervenção feita pelo braço, que arrasa o peito, que quebra o cristal do corpo. Sinto uma dor imensa. “Dor que desatina sem doer”, como o amigo Camões revela. Eu sofro, por mim mesmo, porque tua alma não se volta para mim. Ai como desejo sentir tua alma respirando junto a minha, sincronizando os cânticos espirituais que proferem nossas bocas no êxtase da bonança, do laço, do eterno dar-se em pleno sentimento. 

Olavo Barreto.

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