Sabe-se que
a palavra é o núcleo da comunicação linguística verbal, sem a palavra não há
enunciado, nem muito menos discurso (porém há discursos sem palavras). Diga-se
de vista que a palavra é o centro, é o meio por onde a interação verbal se
estabelece. Sem a palavra podemos dizer ainda muitas coisas, daí temos em vista
o texto não verbal e as mensagens subentendidas, etc; mas mesmo assim o gênero
humano a declarou como o meio mais eficaz e próximo para a comunicação.
Há palavras
ingênuas, palavras sem sentido (dependendo do contexto), palavras fortes e até
mesmo de baixo calão... mas todas são palavras e dignas de respeito. Esse
instrumento é tão difundido e tão próximo de nós que eu não vejo a comunicação
estabelecida sem ela. Se formos pensar de modo violento vemos palavras que
declaram guerras, que destroem vidas, que detonam misérias e fome; mas também
vemos o contrário, palavras que levam pessoas para fora da depressão, palavras
que curam e libertam, e de uma forma religiosa, que elevam o ser humano ao
transcendente.
Vemos
assim, a palavra como um instrumento de guerra e paz. E se a vemos como isso,
imaginemos os compêndios que carregam as palavras, isto é, os romances, os
dicionários, as cartas, os blogs, etc. quando esses suportes de palavras não
carregam esses duplos valores e outros incontáveis? Romances que moldam amores
e tragédias, cartas que declaram afeto e repúdio, blogs de síntese e antítese...
afinal de contas, a palavra não tem domínio específico. É como uma faca, para o
corte da carne a fim de matar a fome ou para dar cabo à vida de outrem.
Olhando de
forma analítica, não podemos separá-la do uso, a palavra só assume o seu valor
através dele. E é por isso que vemos línguas tidas como vivas e mortas. Se a
palavra é vivida, é cantada, é lembrada e reformulada ela vive, mas se é
esquecida em suas amplas formas ela vira um defunto. Se há uma coisa que
efetiva o uso da palavra, é a comunidade que a usa, mesmo sendo um instrumento
universal, cada comunidade de falantes a molda conforme sua cultura.
Além dessas
reflexões o que me deixa mais contemplativo diante da palavra é o fato das
ciências que as estuda, pois o que seria da linguística, da oratória e da
gramática sem a palavra? já que essas ciências anteveem o uso e suas formas de
expressão. Quantos teóricos já se debruçaram sobre seu estudo, a fim de tornar
científico o uso da palavra em suas vastas formas de organização. Acolá de teóricos,
vemos também os escritores. Eles que são íntimos desse recurso, que através
desse instrumento realiza obras de arte, histórias de mundos extras e até mesmo
a reflexão do mundo sincrônico.
Mas sempre
a palavra... desde a conversa informal, do bilhete alheio, do recado do Orkut
até os poemas e as teses. Lá está a palavra envolta no discurso que a rege,
dento do seu ambiente onde está inserida, transmitindo o sentimento ou ideia de
alguém. Mas sempre presente cumprindo seu papel de código para a comunicação
humana.