As vezes preciso escrever alguma coisa para me concentrar em outra escrita "mais obrigatória" do que a que faço neste momento. E por conta disso é que tomo a liberdade de refletir sobriamente sobre o tempo que gastamos, ou melhor, procrastinamos, nos momentos em que devemos dar maior atenção ao trabalho da última hora.
Sentimento de fuga. Essa é a verdade. Mas, porque fugimos? Existe uma razão para fugirmos de tudo e não tornar, pelo menos por enquanto, ao nosso trabalho do agora. A felicidade é um lugar cheio de ternura e afeto, na felicidade encontramo o espaço que a falta de liberdade nos dá. Dessa forma, quando nos propomos a seguir um caminho que está proibido naquele momento, queremos, na verdade, sermos livres. A liberdade é o sentimento mais vil que a última hora pode nos oferecer. Tomamos a liberdade de ser aquilo que não fomos convidados a assumir. Assumimos um tempo que não é nosso, sendo por inteiro nosso, a partir da palavra em sua magna ostentação do agora.
E assim a vida se esvai. E com a vida o tempo. O Senhor dos Destinos, o filho máximo da decisão. O que cura e o que mata. Quanto o tempo já não nos feriu com seu elixir de gosto amargo e forte? E nestes momentos de fuga tomamos expressivamente mais um gole desse elixir que esvai nosso pensamento. Uma droga que nos eleva psicodelicamente, mas, pela força da consciência, de forma efêmera perdemos o Senso do Eterno e caímos na pontualidade do momento que grita com a força de uma multidão em guerra: VOLTE AO TRABALHO!
E neste momento a vida não é mais um deslise completo sobre os mares. Passamos do tempo que não acaba para o escorrer da água quente sobre as habilidosas e descansadas mãos.
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