Ai,
minha Morena dos Encantos...
todos
os dias penso na tua beleza. Como eu queria ser Homem o bastante para
poder ter só o teu olhar. Teus olhos são como um sol que nunca
passa. Mesmo diante da noite, o teu brilho permanece intacto. Não
podem as trevas te tocar; não podem as trevas te amarrar; porque
você é toda luz. Se o meu coração que era uma nuvem escura,
apenas com a tua presença, se tornou centelha de amor, imagina se tu
voltasses toda para mim?
Ai,
a tua luz me transpassaria... Seria eu um ser todo amor. Seria eu um ser de luz como tu, Anjo de suprema beleza.
Nas
noites de pensamento vulto, não consigo dormir sem contemplar no meu
coração a tua imagem.
Virgem eterna das saudades: foi assim que te nomeei, desde a última vez que trocamos palavras. Minhas palavras, tão monótonas, cumpriam a escala normal do tempo, afirmando banalidades. Tais palavras, mascaradas de nenhum sentimento, desejavam revelar-se para ti como um mel apaixonado.
Virgem eterna das saudades: foi assim que te nomeei, desde a última vez que trocamos palavras. Minhas palavras, tão monótonas, cumpriam a escala normal do tempo, afirmando banalidades. Tais palavras, mascaradas de nenhum sentimento, desejavam revelar-se para ti como um mel apaixonado.
Ao
ver-te, amada, sob o crepuscular da manhãs, nas horas médias entre
o viver e o repouso, meu coração dói. Tenho a maior dor que uma alma
pode sentir. Sem nenhuma intervenção feita pelo braço, que arrasa
o peito, que quebra o cristal do corpo. Sinto uma dor imensa. “Dor
que desatina sem doer”, como o amigo Camões revela. Eu sofro, por
mim mesmo, porque tua alma não se volta para mim. Ai como desejo
sentir tua alma respirando junto a minha, sincronizando os cânticos
espirituais que proferem nossas bocas no êxtase da bonança, do
laço, do eterno dar-se em pleno sentimento.
Olavo Barreto.
Olavo Barreto.
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