Um
tema bastante velho, mas sempre volta com o vigor que ele próprio transmite.
Afinal, um ser humano, dotado de emoção e sentimento, não pode deixar de fora
das suas divagações, o tema da sexualidade,
pois o SER é completamente sexual. Na maioria das vezes, tudo se define a
partir do sexo da coisa. E eu, como
exímio exemplo desta espécie, cheia de desejo sexual, tentarei traçar o que
venho percebendo sobre a sexualidade hodiernamente. Pois, assim como a identidade do ser humano, a sexualidade,
vem se moldando com o passar das gerações. E isso é fruto das escolhas e
processos humanos que regulamentam o caráter desses viventes num planeta
chamado Terra.
Nunca
li a História da Sexualidade de
Michel Foucault, tenho pretensão de lê-la, pois pelo que vi em alguns sites é
um dos principais ensaios filosóficos acerca do tema. Com certeza, quem já a
leu, deve ter mais propriedade a tratar do assunto. Mas, não citando aqui o
cânone sobre, resta comentarmos nossas impressões particulares, frutos de
nossos empirismos, que por algum momento serviu para que uma mente iluminada
tomasse como exemplo na formação de uma ideia. Já ouvi em algum lugar que, quem
tem opinião não tem razão, e a ciência é a fonte mais segura de se encontrar
essa razão, portanto, todos nós para estarmos seguros do que falamos
devemos-nos portar de saber científico. De fato, a ciência tem muito a dizer,
mas como ela é uma criação humana, por consequência ela é falível. Assim também
como esta observação sobre, como se diz voluptuosamente em francês, sexualité. Portanto, vamos elencando o
propício, e depois vemos as falhas…
Sexualidade
é um termo muito amplo, e a princípio, não nocivo. Afinal, todo contato que a
criança possui com a mãe, desde sua concepção, está ligado à relação entre
corpos, que de forma mais restrita, refere-se ao sexo. Ou seja, o olhar, o
cheiro, a sensação de segurança é fruto de algo menor, mas, no entanto, basal.
A sexualidade é, assim como a bondade, a fraternidade, etc., algo que une
pessoas, havendo sempre a comunicação, entre estas, em volta de um conceito. O
sexo é o fruto dessa comunicação, algo menor, mas de bastante força, pois é
dele que advém a vida. A religião cristã vê o sexo, dentro dos parâmetros conjugais,
um trampolim para se chegar a Deus. Pois, se a criação é vida, e o sexo
favorecendo esta, temos algo de caráter divino. Além de ser uma das melhores
terapias existentes, de grande relaxamento após o ato. É o momento em que duas
almas se completam, dois seres se sujeitam, se igualam. Enfim, é um elemento
essencial para o bem viver. Todavia, atualmente, este elemento tem usurpando a
vitalidade que antes possuía. E tem feito mais malefícios, do que benefício se
for considerar a amplitude que ele tem tomado.
Em
termos de comportamento humano, tudo é um processo. Não podemos fazer
julgamentos de casos isolados sem antes tomar um olhar contextual. A ação de
hoje é fruto de uma história, de um valor que está imbuído na própria ação, e
que advém de um longo período de acontecimentos viabilizadores da ação que
vemos hoje. E sobre isso, é bem verdade a afirmação que um pensador disse “entre o céu e a terra, nada é novo”.
Nada é novo, mas a cada dia, vemos novas nuanças das coisas existentes. Sexo é
a coisa mais antiga do mundo! e, no entanto, ele nunca foi o mesmo em todas as
épocas. Houve um tempo que a prática sexual era tida exclusivamente com fins procriativos.
Neste tempo a posição sexual conhecida hoje como papai-mamãe, possuía outro nome, era a posição missionária. Ou seja, o ato procriativo era uma missão,
algo santificador para quem seguia este preceito. Houve um tempo também, que o
contato visual entre homem e mulher era proibido. A mulher não podia ver os
órgãos genitais do marido, portanto, a cópula era realizada de costas.
Aconteceu também de muitas mulheres terem seus clitóris mutilados, pois se
pregava que o orgasmo era satânico. Da mesma forma que muitos homens tiveram
seu escroto mutilado, ou por ter realizado perversão sexual ou por prática de
pureza. Mesmo sendo um ato bom, o ser humano já o considerou um malefício.
Com
a revolução dos costumes, durante o século XX, o sexo vem ganhando um novo
valor. A combinação sexo e drogas é
um boom para emoção dos jovens das
décadas de 60. Aliado a este novo estilo de ver o sexo está a mídia, grande
propagadora das ideias de massa. Ela é a responsável pelo que eu chamo de sensualização do pensamento, um tipo de
ideologia imbricada em cada passo dado pelos veículos de comunicação. É através
dessa ideologia que as crianças estão começando mais cedo à vida sexual, no que
diz respeito às práticas subsequentes e anteriores ao próprio ato. Meninas e
meninos têm aproveitado de forma efêmera o espaço da infância. De fato,
reconheço que o ser humano, passa por um processo para que o seu libido esteja
concentrado para a procriação, mas atualmente nossas crianças têm chegado à
fase genital, segundo Freud, com menos idade. Nossos pré-adolescentes têm
procurado muito conhecimento acerca das práticas sexuais e os adjacentes dessa.
A infância deslumbrada pela inocência tem dado lugar à efervescência fálica
promovida pela mídia. Notem que o culto ao corpo, a pregação de liberdade sexual
a todo custo, têm sido amplamente divulgados em comerciais, novelas,
noticiários, programas de humor, etc. Nunca se vendeu tanto sexo, como nesses
tempos. Em territórios acadêmicos sempre se prega um niilismo absoluto, como se
tudo fosse mentira. Essa ideia é tão obsoleta e irracional que todo dia se
prega a verdade nas revistas de boa forma, nos programas de entrevista, etc.
Não tem como correr, não existe lugar para se esconder. Você vai cair de
qualquer maneira no abismo do sexo, porque ele está em tudo. Mas não é o sexo
da posição missionária, é o sexo capitalista, que obriga a você está na moda,
pois não vai arrumar namorado; que obriga a você sair do armário, para ser uma Queen cheia de glamour, sendo, na maioria das vezes, uma grande mentira. Na
verdade, o ser humano não anda neste ritmo que a mídia impõe. A prova disso são
as lotadas clínicas psiquiátricas, repletas de corações amargurados, feridos
por não se sentirem completos. Mas é assim mesmo, quanto mais incompleto, mais
se vende. É verdade, como já disse Paulo Freire, o ser humano é incompleto, no
entanto, essa incompletude deve o impulsionar à mudança. Já a incompletude,
efeito colateral da mídia, não possui fator regenerativo.
Já ouvi alguém
bastante lúcido afirmar que cada época possui uma identidade, e as gerações
posteriores à época passada tentará superar a identidade por ela pregada.
Depois de muita repressão, vêm os tempos de libertação, mas depois e volta a
ser contido. Acredito que estamos sofrendo uma renovação de valores, que diferente
de épocas passadas, terá um processo lento de consolidação. Temos que aceitar,
estamos doentes por sexo. O sexo exagero, sem amor, nos tem colocado para baixo
como espécie. A busca por emoção tem custado muito caro para nossos jovens, e
consequentemente quem paga é toda civilização. Essa doença tão voraz tem
imposto a iniciação sexual de uma maneira tão vil que os jovens atualmente têm
uma grande dificuldade na definição sexual. Com mais frequência vemos relações
de dupla orientação. Sei que o ser humano possui certa inclinação para a
clivagem de valores, mas isso está acontecendo rápido de mais, em frações de
segundos. Sou muito humanista, e muito flexivo, mas temos que ter uma posição
fixa em certas ocasiões. E sobre sexo a minha está bem definida aqui, o sexo
deve ser algo natural. A artificialidade dele está fazendo com que nós tornemos
plásticos, nem sempre biodegradáveis, nem sempre prontos para uma reciclagem.
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